sábado, 2 de outubro de 2010

Padre Cícero Romão Batista, grande líder: o homem "santo" que mudou a históia do Cariri cearense

Cícero Romão Batista, cearense, nasceu no Crato, em 24 de março de 1844. Faleceu em Juazeiro do Norte, em 20 de julho de 1934. É conhecido como Padre Cícero, ou, mais coloquialmente, Padim Ciço.

Iniciou a carreira eclesiástica em 1865, no Seminário da Prainha, em Fortaleza, capital do Ceará;
ordenou-se padre em 1870. Em 1872 foi nomeado vigário de Juazeiro do Norte, então um pequeno povoado na região do semi-árido cearense; lá, angariou fundos para a construção de uma igreja e passou a desenvolver intenso trabalho pastoral com pregação, conselhos e visitas domiciliares.


Em 1889, durante uma comunhão, a hóstia consagrada por ele sangrou na boca de uma beata, Maria de Araújo. O povo considerou o fato um milagre; as toalhas utilizadas para limpar o sangue tornaram-se objetos de adoração; a notícia espalhou-se, e Juazeiro do Norte começou a ser visitada por peregrinos, interessadas nos poderes do Padre.

Padre Cícero foi acusado por membros do Vaticano de mistificação (manipulação da crença popular) e heresia (desrepeito às normas canônicas); em 1894, foi punido com a suspensão da ordem.

Por todo o restante da vida, Cícero tentou, em vão, revogar a pena. Em 1898, foi a Roma e encontrou-se com o Papa Leão XIII, que lhe concedeu indulto parcial, mas manteve a proibição de celebrar missas. Apesar da proibição, jamais deixou de celebrar missas em sua igreja em Juazeiro. Ele valeu-se do enorme prestígio entre os fiéis para ingressar na carreira política e em 1911, com a emancipação de Juazeiro do Norte, elegeu-se Prefeito e ocupou o cargo por quinze anos; engajando-se tanto nas disputas políticas entre os oligarcas cearenses que acabou por ver-se na situação de enfrentar tropas federais, enviadas para uma intervenção.

Usou sua popularidade para convencer os fiéis a pegar em armas, e obrigou o governo federal a recuar da intervenção. Posteriormente, foi nomeado vice-governador do Ceará e eleito Deputado Federal, mas, como não queria deixar  seu povo e Juazeiro do Norte, jamais exerceu nenhum desses cargos.

Até sua morte, aos 90 anos, foi uma das mais expressivas figuras políticas do Estado. Após sua morte, sua fama e seus feitos foram divulgados entre as camadas populares, não raramente com certo exagero dos poetas populares. Embora, ainda, banido pela Igreja, tornou-se, de fato, um santo entre os sertanejos.

No final do século 20, o Papa Bento XVI, quando ainda era Cardeal e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, propôs um estudo sobre o Padre Cícero com a finalidade de, possivelmente, reabilitá-lo perante a Igreja Católica e, eventualmente, beatificá-lo.
Em pesquisa nacional organizada pela Rede Globo, no dia 22 de março de 2001, Padre Cícero foi eleito o Cearense do Século.

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